domingo, 29 de janeiro de 2012

Segura! (senão você cai!)



Antes eu tinha medo e podia tê-lo... Medo de coisas que hoje são quase que ilógicas, mas que se repetem talvez de outra forma, mas com a mesma essência de sempre.

Quando criança, eu tinha medo de que meu pai me esquecesse na escola, sempre chorava quando via que já tinham se passado dez minutos do horário combinado.  Não tinha um celular e muito menos habilidades de comunicação, o jeito era confabular o que eu faria caso precisasse morar na rua.

Eu ficava alí, no mesmo lugar de todo dia, no mesmo canto habitual, olhando sempre na mesma direção e já sabendo muito bem o que esperar, mas sempre com aquele tal medo de que, por ventura, ele esquecesse de que precisava me buscar.

Eu nunca soube explicar quando ele me perguntava o porquê de tanto medo, gaguejava incerta na justificativa torta: ‘Eu não sei, pai, só tenho medo’.  E por mais que ele repetisse incansavelmente que aquilo era impossível e que ele jamais me esqueceria, eu tinha medo.

Parecia normal a ideia de que, talvez, meu pai arranjasse algo mais importante para fazer bem na hora de me buscar ou que não acordasse a tempo ou que preferisse ficar assistindo ao jornal ou qualquer coisa do tipo.

Talvez hoje, depois de relativamente crescida, eu tenha superado a impotência. Mas eu não superei o medo de ficar sozinha. A verdade é que hoje, caso meu pai se atrase em algum momento, eu posso me virar, eu sei como fazer isso. Sei quais passos devo dar e por qual caminho caminhar.

Mas continuo certa da impotência de não saber fazer nada além de reproduzir o que alguém outrora já havia me ensinado.

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