sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Quando vê, já foi.

A finitude dos minutos próximos, aqueles que estão logo ali e tão logo aqui. Minutos feitos de mistério, envolvidos em um não-sei-o-que de aflição, esperados como nunca e evitados como sempre. Sim, a finitude do que nem pensou em passar e que, tão sutilmente, escapole por entre todos os dedos, deixando um ar de qualquer coisa e vestígios de um querer infinito e tão findo em seus detalhes.

Esperar pelo que há de vir é tão somente aguardar próximas cenas de uma peça sem script, de um espetáculo guiado por toda beleza que há no acaso, daquilo que surpreende a todo instante numa reconstrução desconcertante e inconstante de tudo que parecia tão certo, mas nunca foi... Nem nunca será.

O que há de vir guarda em si a beleza do que é incerto. É a lógica do que não faz sentido.

Mas o amanhã nada mais é do que mais um pouquinho de ontem que, por sua vez, foi construído com o que um dia ainda viria (e veio). Resta-nos, portanto, um pequeno intervalo entre tudo o que foi e tudo o que será. Resta-nos o que há de concreto, o espaço das possibilidades.

Por mais inevitável que seja contemplá-los, os minutos próximos chegam ao fim nos próximos minutos e tudo que nos cabe é resistir à tentação de controlar o que, por si, não tem controle e perceber a beleza frágil, porém real do instante agora.

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“O que há é o que é e o que será... Nascerá.”

2 comentários:

  1. Lembra que o que valeu a pena foi nossa cena não ter pressa pra passar... ♫

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  2. Nem tudo são flores, nem todas as flores são repletas de espinhos..
    aparece as oportunidades , nós escolhemos o que vai fazer bem
    mas nem pensamos a longo prazo e sim de momento
    por isso é tudo uma questão de momentos

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