segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Tem a cor que você quiser.

Faculdade Ruy Barbosa
Psicologia – 6º Semestre – 2010.2
Estudo das Dependências Químicas
Prfº Antônio Nery Filho

Aluna: Natália Martins


Certo dia perguntei ao meu pai o motivo de tanta gente usar drogas e se entregar a esse mundo que, já de longe, parece bem sombrio de devastador. Qual a razão para se entregar aos braços invencíveis e tão acolhedores de um mundo tão sem cor? Já não havia exemplo demais rondando cada milésimo de centímetro do planeta? Já não era evidente que o tal mundo das drogas, na verdade, era o inferno implantado na terra? A destruição era tão evidente e tão gritante, a cara feia do próprio nome “droga” já era suficiente para fazer qualquer ser humano de “bem” levar suas mãos aos ouvidos e gritar aos quatro cantos: não quero nem ouvir falar! Então por que, pai? Se é tão monstruoso e cruel por que tanta gente faz dela sua vida? Eu não entendo! A única resposta que meu pai soube me dar foi um minuto do silêncio mais esclarecedor que já vivi, seguido da frase mais significativa para o momento: “eu não sei, filha”.

Daí então eu vi que a máscara negra da droga é como a máscara negra que cobre toda a hipocrisia do mundo. Ora, veja só, pai, foram os homens que criaram o inferno, que deram nome ao capeta, que idealizaram o bem e o mal. Foi o homem que buscou explicação para a finitude da vida e significado para o viver nomeando coisas invisíveis. Criando Deus junto do bem e o Demônio junto do mal. E desde então o mal é escondido, bem escondido nas entrelinhas do “não sei” do “não é comigo”. A droga não se criou por si só e muito menos foi invenção de Deus. Não, a droga vem do homem. Veio de alguém que olhou para todos os lados e não viu nada além de uma fria e crua realidade de coisas inventadas, de papéis estabelecidos e de regras desconcertantes. Ele se viu em meio a um mundo sem cor, sem matéria... Constituído de idéias sem base, idealizado e chamado de verdade. Talvez a salvação, um momento de escapulir desse antro de não-sei-o-que, de esquecer-se do trator chamado vida que derruba sua porta a cada amanhecer.

Por que, pai? Por que usam drogas? Ninguém sabe! Cada um carrega consigo seu motivo, cada um transborda em si os por quês de adentrar em uma realidade que parece tão mais real, cada um cria pra si o mundo que mais lhe convém. Não precisamos saber o motivo, de nada adiantaria. É particular, não lhe interessa! Desista!

O problema há muito deixou de ser os danos causados pelas drogas. Você acha mesmo que alguém se importa com o mal que você se causa? Realmente acredita que alguém liga para o número de mortos pelas drogas? Quão interessante é saber dos problemas que cada família vive dentro de sua casa? Não interessa mais as conseqüências negativas da droga. Faz muito mais sentido manter a ordem, se esconder atrás da máscara hipócrita do bem.

E seguimos assim, buscando respostas que não existem, nomeando fatos destituídos de sentido. Apontando todos os dedos na direção errada.

A droga não tem a cara do mal, tem a cara que cada um quiser enxergar nela. Já que não podemos entender o sentido de viver e morrer, criamos um sentido que nos faz fingir gostar disso tudo e adotar o conformismo que embebeda o mundo.

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